A cortina de gelo

Há exatamente um século, nas gélidas terras do império russo, centenas de mulheres foram às ruas para protestar contra a miséria e as desigualdades de gênero. Um século. Cem anos e, infelizmente, ainda temos muito que reivindicar.

Aos que acreditam que a luta das mulheres é nada além de frescura, digo: seis mulheres morrem a cada hora no mundo vítimas de feminicídio. Isso não é frescura.

Acima de tudo, uma luta árdua. Eis a nossa estrada longa e tortuosa até que todos os crimes contra a mulher sejam severamente punidos. E o que mais podem querer as mulheres brasileiras em pleno século XXI, se vestem o querem e podem votar? Queremos nosso direito à vida. Queremos nosso direito de ir e vir. Direitos garantidos pela Constituição desse país, mas por vezes esquecidos. Direitos que a soltura de um feminicida nos neglicencia, porque cada homem que mata uma mulher e volta às ruas é um assassino de todas nós.

Assim, por todas as mulheres fortes que pisaram neste mundo, sejamos nós a forte mudança que almejamos. Sejamos a voz daquelas que não podem falar e as asas daquelas que não podem voar, e esse dia de igualdade plena não tardará. Porque todos os seres humanos, homens e mulheres, negros e brancos, têm o direito de viver, sonhar e amar como bem desejar.

Mulheres, unamo-nos! De acordo com o Censo Demográfico de 2022, 51,5% da população brasileira é composta por nós. Somos a maioria. Sejamos a maioria uníssona. Porque somente unidas poderemos criar e fazer valer as leis que nos protegerão. Unidas teremos a maior e mais reverberante força capaz de mover a humanidade – o amor.

O amor que nos tornará solidárias umas às outras e nos dará a fé necessária para seguir lutando. E esse dia, em que teremos os mesmos salários dos homens, em que nenhuma mulher será julgada pelo que veste, em que nenhuma mulher será assassinada apenas por ser mulher, esse dia, enfim, chegará. Que o penhor dessa igualdade consigamos conquistar com braço forte.

…E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, brilhará no céu da Pátria nesse exato instante.

Natália Medeiros de Santana é associada da UBE. Selecionada pelo prêmio “Educação: importante ou prioritária?” organizado pela UNESCO e pela Folha Dirigida. Selecionada para integrar “La segunda edición del Libro por la Paz” da Fundación César Egido Serrano na Espanha. Autora de inúmeras obras literárias, entre elas Kitsch de Sobrevivência, publicado pela editora Patuá e 2º lugar no 5º Prêmio UFES de Literatura na categoria poesia (2023) e Procissão, 3º lugar no 19º FLIPOÇOS. Finalista do IV Prêmio Anna Maria Martins. Finalista do II Prêmio Claudio Willer de poesia. 2º lugar no 20º Prêmio Literário Paulo Setúbal na categoria poesia (2022).

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